Naty escrevia por inveja. Tudo que lia, mesmo que lindo, soava, pra ela, como um insulto, um desafio. Naty ainda era nova, tinha a idade em que as pessoas exibem os livros na prateleira e se sentem mais felizes por tê-los do que por lê-los.
Naty era tão nova que achava que sexo tinha a ver com amor e que cinema parecia verdade. Ela tinha um caderno onde escrevia suas coisas. A essas coisas, Naty deu o nome de arte. Ela mesma não sabia se, por ousadia, ou falta de criatividade.
Quando o caderno dela acabava, ela o guardava em algum lugar escondido, mas tinha certeza que, assim como segredos, isso também era algo que guardava pra mostrar algum dia. Aliás, Naty era tão nova que ainda acreditava que amanhã, ou depois, ou não sei, qualquer coisa magnífica aconteceria.
Coitada da Naty, ela era tão nova...
... ela não sabia de nada da vida, e hoje ainda não sabe metade.
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