Eu te amo de uma maneira tão brutal
Que me revira o estômago, me dá falta de ar
Pensar nisso me causa tamanho desespero
Que mesmo apegada ao descaso
Sinto uma incontrolável vontade de chorar
Vendo e revendo suas fotos de família
Tão bem conquistadas, em minhas espionagens virtuais
Me envergonho de invadir a sua vida
De desbravar os seus rostos parentes sem permissão
Clicando com o mouse como quem acaricia a página de um álbum
Ampliando e reduzindo as imagens como se buscasse algo
Tentando não achá-las assim tão especiais
E quando vejo aqueles homens com aqueles mesmo rostos
Com jeitão de galã, a la Antônio Fagundes, não sei...
Vejo em cada um deles, quebra-cabeças genéticos, partes de um só você
Um jeito bem típico (...), mas que sorri como sua mãe
Sorri como ela quando está pensando em besteira, meio malicioso
E quando está brincalhão, menino vadio, sorri como eles
Acho isso lindo
Me faz até perder o mínimo de rima que consegui conquistar
Tudo isso porque eu amo
E não vou deixar de repetir isso baixinho enquanto não te disser gritando
Você sabe que já o amei, mas também sabe que quase o esqueci
Achei que seria fácil, provavelmente, ambos achamos
Mas, o que fazer quando a vontade do destino é justamente o nosso grande sonho?
Eu não sei mais se isso é uma carta, uma poesia, uma música ou uma história de amor
Só sei que antes que eu decida parar, provavelmente já estarei chorando
Porque é muita intensidade que parte de mim
E eu sei o quanto também existe em você
Então fervemos juntos, à distância
Somos o caos que atingiu a perfeição
A prova viva, falante e cantante de que a sintonia pode estar justamente na desordem
Não há razão de sermos, se pensarmos no que é racional para o resto do mundo
Mas temos toda a razão por sermos como somos
Gêmeos em nossas desavenças, descrenças, incompreensões e angustias
Aquário e Peixes em nossa completude astral
Você precisa me deixar te amar se você me ama
Eu tenho um abismo a me jogar e esse abismo se chama (...)
Então, permita-me a honra deste salto
Não tenha medo que eu me machuque ao pular de braços abertos em sua imensidão
Somos inconstantes, meu bem, o risco é igualmente distribuído
Dois infinitos que se unem para se livrarem pra sempre do breu
Os nossos universos tornaram-se mais que paralelos naquele mês de janeiro
Agora eles se completam, confundem-se
Tornam-se finalmente um só.
Chica Blanco.
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