quinta-feira, 24 de março de 2011

O abismo é você, ...

Eu te amo de uma maneira tão brutal

Que me revira o estômago, me dá falta de ar

Pensar nisso me causa tamanho desespero

Que mesmo apegada ao descaso

Sinto uma incontrolável vontade de chorar


Vendo e revendo suas fotos de família

Tão bem conquistadas, em minhas espionagens virtuais

Me envergonho de invadir a sua vida

De desbravar os seus rostos parentes sem permissão

Clicando com o mouse como quem acaricia a página de um álbum

Ampliando e reduzindo as imagens como se buscasse algo

Tentando não achá-las assim tão especiais


E quando vejo aqueles homens com aqueles mesmo rostos

Com jeitão de galã, a la Antônio Fagundes, não sei...

Vejo em cada um deles, quebra-cabeças genéticos, partes de um só você

Um jeito bem típico (...), mas que sorri como sua mãe

Sorri como ela quando está pensando em besteira, meio malicioso

E quando está brincalhão, menino vadio, sorri como eles

Acho isso lindo

Me faz até perder o mínimo de rima que consegui conquistar


Tudo isso porque eu amo

E não vou deixar de repetir isso baixinho enquanto não te disser gritando

Você sabe que já o amei, mas também sabe que quase o esqueci

Achei que seria fácil, provavelmente, ambos achamos

Mas, o que fazer quando a vontade do destino é justamente o nosso grande sonho?


Eu não sei mais se isso é uma carta, uma poesia, uma música ou uma história de amor

Só sei que antes que eu decida parar, provavelmente já estarei chorando

Porque é muita intensidade que parte de mim

E eu sei o quanto também existe em você

Então fervemos juntos, à distância

Somos o caos que atingiu a perfeição

A prova viva, falante e cantante de que a sintonia pode estar justamente na desordem

Não há razão de sermos, se pensarmos no que é racional para o resto do mundo

Mas temos toda a razão por sermos como somos

Gêmeos em nossas desavenças, descrenças, incompreensões e angustias

Aquário e Peixes em nossa completude astral


Você precisa me deixar te amar se você me ama

Eu tenho um abismo a me jogar e esse abismo se chama (...)

Então, permita-me a honra deste salto

Não tenha medo que eu me machuque ao pular de braços abertos em sua imensidão

Somos inconstantes, meu bem, o risco é igualmente distribuído

Dois infinitos que se unem para se livrarem pra sempre do breu

Os nossos universos tornaram-se mais que paralelos naquele mês de janeiro

Agora eles se completam, confundem-se

Tornam-se finalmente um só.


Chica Blanco.

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