quinta-feira, 31 de março de 2011

invasões bárbaras

É noite de lua - rosno. Uivo para o céu. Deixo no ar o cheiro agridoce da concha venusiana onde deságua minha alma. É meu cantar para o sátiro - meu convite à dança.
Aproximação. Um início de delicadeza. Mas te quero bruto - pele embaixo das unhas, gosto de sangue na boca, um pouco de dor onde pulsa a vida nesse instante. Faço-me cadela. Culpa dessa outra maldita que reverbera nas paredes do meu corpo. Solto o verbo sujo em teus ouvidos e passo a língua em teu rosto, teu nome, teu desejo. De pelos eriçados - qual bicho - deixo-lhe o cio marcado na pele das coxas - nos pelos da virilha. E te quero forte, lento, fundo. Quero aspereza, crueza, um pouco de hostilidade. Invasão, barbárie, curra. Porque não tenho medo - tenho vida. Porque agora - nessas horas em que violentas meu mundo - sinto vibrar o coração entre as pernas.

3 comentários:

  1. Reverências é o que posso fazer ao brilhantismo deste texto. Sinceramente, nada melhor que as palavras sem açúcar para sentir o gosto da vida.

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  2. A vida é acridoce...
    "Brilhantismo" está muito além do que eu realmente espero, sabe?
    Gosto muito de você por aqui. Gosto mais ainda quando comenta.
    :)

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  3. Adoro tudo que essa aí escreve, ela some, ela vai embora e deixa um rastro de saudades ...que só aquieta um pouco quando eu venho aqui e leio o que ela escreve! ...

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