domingo, 20 de fevereiro de 2011

Lavando o coração

Eu não sei me calar diante de uma ameaça, não sei me afastar e voltar se o caminho a percorrer é na beira de um precipício, por isso mesmo eu não pretendo deixar de lado isso que me aflige, em consideração a nós dois, ao nosso romance, que escrevo estas palavras que brotam das minhas mãos depois de já estarem mais do que maduras em meus pensamentos. Sim, eu pensei, repensei, lembrei, raciocinei e fiz fermentar todas possíveis e incabíveis opções, mas acho que esta é a melhor saída, não se deixar abater pelo trabalho é a solução mais sábia que devemos tomar, sempre.

Estamos estranhos ou será que sou só eu? Você não tem notado isso, essa falta de ânimo que tenho deixado florescer por meio de minhas palavras (escritas e pronunciadas)? Ela é real, você não pode ignorar isso por medo de me perder, mas estou vem que tem fugido da realidade, o que é perfeitamente natural (instinto), mas não é o correto, não se queremos que o nosso romance continue sendo real. Eu sou boa na parte da direção, mas não sirvo para atuar, meu amor, eu não posso deixar o amor virar peça teatral, então eu tenho que expor o que já está mega exposto, mas que nenhum de nós abriu a boca para assumir.

Eu estou decepcionada, bastante. E os três motivos devem ser esclarecidos com exatidão, para que não pense que são uma desculpa ou simples reclamações. Eu até darei títulos para discuti-los, sim? Está preparado? Quer continuar lendo? Vamos lá, você consegue!

1- ACEITAÇÃO

Escolhi esse tema para ser a primeira questão a ser mencionada porque nada pode funcionar sem esse simples gesto. E você não me aceita. Não adianta me chamar de linda, dizer que sou gostosa, me entupir de mimos e elogios quando estou arrumadinha ou sem muitas vestimentas, se quando estamos conversando francamente, em um papo casual, você sempre acaba abrindo a boca para citar uma lista de incontáveis reclamações a respeito do que visto, do que faço, enfim, de coisas que são ou representam minha essência, meu jeito de ser:

*Você não gosta de minhas tatuagens e nem gosta de ouvir quando falo que farei muitas outras, sempre acha que vai me convencer do contrário (mas sempre fala do São Jorge que quer tatuar nas costas, pois “São Jorge pode”, afinal, é santo...);

*Você não gosta dos meus piercings e alargadores, coisas que tanto curto e há tanto tempo, então fica dizendo, meio que para convencer e consolar a si mesmo, que quando ficar mais velha eu vou enjoar, que é só uma fase... Pois então, o meu primeiro piercing tem 8 anos. Isso é muito para uma moça de 21, não? E ele ainda continuará aqui até... Eu não sei até quando, mas posso resumir em uma frase: ATÉ QUANDO EU QUISER!;

*Você não gosta muito de como me visto. Por você, eu me vestiria como a Milla, ou a Rafha, ou outra ex sua. Eu amo a Rafha, sério, mas eu não sou ela, nem nenhuma outra, eu sou só eu! Eu não gosto de usar salto agulha e nem usaria se gostasse, porque eu moro na Baixada Fluminense, trabalho na Zona Norte e estudo na Zona Sul, logo, não existe lugar nem ocasião pra eu andar feito uma bonequinha. E eu gosto das minhas roupas, mesmo. Você me disse que achou meio feia a roupa que eu estava quando nos conhecemos, mas aí eu te pergunto: E isso te impediu de ficar correndo atrás de mim a festa inteira? Não, né? E quer saber mais? Eu adoro aquela saia e aquela blusa, mesmo!;

*Você não gosta quando uso maquiagem. Ta, só PRA VOCÊ a minha maquiagem me deixa estranha, porque ela é praticamente minha marca registrada. Eu me maquio pelo mesmo motivo que os guerreiros se pintavam, para me dar mais poder. Eu me sinto mais segura quando solto minha imaginação e deixo que o pincel dance por minha pele e dê vida própria ao meu rosto. A maquiagem fala por si só, ela é minha legenda, entende? Não, eu sei que não;

*Você tem medo de me apresentar para a sua família, principalmente aos seus pais. Sua mãe é toda super mega Power protetora e seu pai é bem tradicional, era militar também, ta bom, mas e aí? O que a SUA VIDA e a SUA ESCOLHA podem ter a ver com isso? Até quando vai me esconder deles ou tentar que eu esconda meus piercings e tatuagens da sua família? Uma hora ou outra a máscara que você pôs em mim (contra a minha vontade) irá cair e eu não quero me responsabilizar pelas conseqüências. Só existem pais e mães preconceituosos com isso porque os filhos, que deveriam dar um banho de pensamentos livres de preconceitos, acabam tendo medo de enfrentá-los e acabam até fazendo tempestade num copo d’água por conta de algo muitas vezes banal;

*Você não gosta quando eu bebo cerveja em público, normalmente. Você pode tomar um puta porre de vomitar, esquecer como chegou em casa e tudo o mais, só que eu não posso estar ao seu lado numa tarde quente e comprar (com meu dinheiro, vamos deixar isso claro), uma cervejinha gelada para refrescar. Por quê? Por que só deve se beber em shoppings ou “lugares apropriados”? Duvido que você tenha essa etiqueta toda quando está alucinadamente doidão com os seus amigos, mas eu tenho que posar de Barbie e não beber num ponto de ônibus, porque é FEIO?! Nem meus pais nunca viram problema nisso, meus porres mais monumentais foram em festas de família ou com parentes presentes, sabe por quê? Porque eu não sou idiota de tomar um porre num lugar estranho, sem conhecidos por perto. Muitos homens e mulheres fazem isso, completa burrice... Prefiro mil vezes beber em um lugar “óbvio” e voltando pra casa, porque prezo demais minha segurança para deixá-la em segundo plano em prol do que é mais “bem visto”.

Pausa porque senão o espaço acaba. Melhor dividir as três questões em 3 postagens ou 2, talvez.


Chica Blanco.

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