Era outubro, o mês das crianças (como se crianças não fossem crianças nos outros 11 meses do ano). Era o primeiro ano em que eu não recebia um presente no dia 12, embora eu já tivesse lá com os meus vividos 20 anos... E eu estava sofrendo pelo meu segundo amor. Ele estava apaixonado por outra, não havia o que eu pudesse fazer. Sabe quando a gente fica tão sensível que mandaria o papa tomar naquele lugar e choraria até se visse um cachorrinho olhando pra você? Pois é, eu estava assim, logo, sair de casa foi uma PÉSSIMA idéia, mas eu saí. Era o aniversário de um grande amigo meu, então saí. E fui para sua festa, tímida que só, toda amuadinha e sem saber se tomar um porre era a melhor solução ou se me levaria à ruína completa. Na festa havia funk, belas moças esbanjando safadeza saudável e jovial, calor, sol, piscina, cerveja gelada e...Eu sentada numa cadeira sendo a única da festa a não cair na água. Não foi só porque acho água de piscina de casa de eventos uma coisa mega power suja (se câncer fosse contagioso, daria pra pegar naquela água), mas porque não me apetece ficar de biquini na frente de moças com corpos esqueléticos, então fiquei sentada. E eu bebi muito, muito mesmo. Pra não deixar passar em branco, acabei atracando-me em um tórrido beijo com o aniversariante, no caso, meu amigo, que, no caso, é gay. Peguei o ônibus pra voltar pra casa, rezando para que tudo não girasse tanto...
No caminho, meu irmão me liga e diz que precisa de mim (ele estava organizando uma festa com os amigos, para arrecadar grana para alguma coisa que não lembro o que era), então falou pra eu descer no local da festa. Ia fazer isso, mas só se eu fosse uma louca, porque eu estava suada, bêbada e física e emocionalmente acabada. Em casa eu tomei um banho e resolvi ajudar meu irmão, então me arrumei e fiquei esperando que viesse me buscar bebendo num barzinho próximo a nossa casa, com meus pais.
Era pra eu ser a fotógrafa da festa (foi o que me disseram), mas acabei virando também a garçonete. Eu tive que ficar rodando a festa toda com jarras de cerveja distribuindo a bebida sagrada aos que alí estavam. A festa ficou boa, cheia e eu bem mais bêbada. A garçonete que andava meio encalhada despertou muito interesse nos rapazes que alí estavam, afinal, MULHER + SALTO ALTO + SAIA CURTA + JARRAS COM CERVEJA GELADA = *_______* Pois é, eu estava despertando alguns interesses, porém, não ouvia nenhuma cantadinha ou pedido até o fim. Eu estava ainda com o choro preso e aquela vontade de matar o mundo inteiro guardada dentro de mim. Depois de umas horas, acabei cedendo a um insistente (que por sinal, era meu amigo e por sinal, já havia ficado com ele uma vez), então nos agarramos em alguma parede aqui e ali por uns 5 minutos e eu dei a desculpa de “voltar a servir”. Voltei e fiquei servindo mesmo, como se fosse a coisa mais legal do mundo, porque tudo o que eu queria era não pensar.
Depois que a festa já estava boa, em seu auge na madrugada, o mesmo amigo que eu havia beijado nas paredes dos fundos da festa veio me chamar. Um rapaz estava muito “afim” de mim, então pediu que eu desse uma chance, que ouvisse o rapaz, etc. Eu olhei com aquela cara de “tá, e aí?”, então eles começaram a falar coisas que eu não lembro até hoje e de repente, eu concordei com a idéia genial de beijá-lo caso ele caísse na piscina. Umas três pessoas já haviam mergulhado na piscina, mas era madrugada, o rapaz estava vestido sequinho e achei divertido que ele se molhasse todo em troca de um mísero beijinho, até porque, eu só encostaria meus lábios nos dele... Achei que valeria a pena, só para vê-lo depois todo molhado, meio sem graça na festa (e eu nunca o havia visto na vida, ele não deveria ter muitos conhecidos ali). Para a minha surpresa, ele topou. E antes eu fui lá, dar o tal beijo, tendo uns amigos em volta para garantir que depois ele não fugisse da piscina. Mas, uma coisa aconteceu... Eu encostei meus lábios nos dele e eu simplesmente fui... Eu não consegui parar, eu quis o beijo, era só um beijo, por que eu não iria querer? E o beijo foi bom, foi realmente um bom beijo... Aí ele me deu carteira, celular, blusa, não sei mais o que, então tirou o tênis e caiu na piscina (ou foi jogado?), de bermuda, na madrugada. Fiquei pensando em como esses rapazes confiam em mulheres só porque são “bonitinhas”. Eu poderia ter roubado a carteira dele, eu poderia ser uma trombadinha disfarçada, não? Tão ingênuos...
Aí ele voltou da água, ensopado, então me perguntou: “E agora?”. O olhei, sem parar para olhar se era bonito, feio, estranho, nada disso (eu nunca reparo isso nas primeiras horas) e respondi simplesmente um “agora você me beija, ué”. E ele veio, ensopado mesmo, então me beijou, mais e mais, por um tempo bom... Até que eu dei a desculpa de “servir”, então fugi.
Durante o resto da festa ele sempre aparecia e tentava ficar um pouco comigo, mas eu dava desculpas, eu estava tentando escapar dele, não tava afim de ficar de namoradinha de ninguém, afinal, meu namorado mesmo já estava namorando outra e eu nem sabia, então não queria ser namoradinha (ainda que por algumas horas) de mais ninguém, tava enjoada de tudo isso e ele parecia ser todo docinho... Isso estava me irritando. Eu sou um poço de brutalidade quando amo, imagine quando o homem que amo declara-se apaixonado por outra?! Eu estava UM LIXO.
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