sábado, 8 de janeiro de 2011

O Rodrigo da Moça

A moça falava do Rodrigo dela. Ou melhor, ela falava daquilo que viveu com Rodrigo nas entranhas depois do término. Acho que ela vomitou Rodrigo na conversa e eu fiquei meio sem saber se abraçava, se dizia que ele não prestava mesmo. Oras, eu nem sei quem é o rapaz, eu vou falar o quê? Por uns instantes, eu senti pena dela e ódio dele. Como é que o tal do Rodrigo podia fazer tanto estrago na pobre garota?

Nessa hora, eu me lembrei daqueles que me estragaram também. Vomitei certa vez um alguém. Outro ficou na garganta. Teve aquele que saiu deixando gosto amargo na boca, tão amargo de doer. Tiveram aqueles que não fizeram diferença alguma. Pensei que o Rodrigo podia ter feito isso comigo também. De uma forma ou de outra, estamos todos vulneráveis.

Queria poder abraçar a moça, mas não posso. Queria apagar todos os homens como Rodrigo que destroem moças do mundo, mas não posso. Queria não ser uma moça e estar à mercê dos acontecimentos. Restaram-me dois desejos apenas: que o Rodrigo não destrua outras meninas e que as meninas se tornem, dia após dia, indestrutíveis.

24 comentários:

  1. Quem sabe quantas moças o Rodrigo não deve ter vomitado? O mundo é um moinho, não é? Pois então, até mulherzinhas podem ser estupidamente cruéis...

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  2. http://annaluizaazevedo.wordpress.com/

    Aqui o que o Rodrigo fez com ela.

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  3. Rodrigos , Andrés, Josés, Marianos... enfim... não importa muito o que fazem da gente, mas o que fazemos deles e com a raça deles ( VENDETA!!!)

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  4. Vamos lá...
    Destaquei alguns pontos do teu mega comentário (super interessante, diga-se de passagem) para poder comentar...

    “Curiosamente, e em satisfação para os que amam a ironia, nesse mundinho discursivo de demonização masculina, exerce-se também a dominação masculina – pra usar a expressão de P. Bourdieu. E com parceria feminina, veja só! Se homens sacaneiam e mulheres sofrem, num andar de abstração acima, na estrutura básica, homens são agentes, mulheres pacientes; homens ativos, mulheres passivas. É o mesmo esquema que sustenta tantas opressões, ou o mesmo que sustenta a díade estúpida de homem “come”, mulher “dá”.
    [...]Numa peça com essas marcações talhadas no palco não pode haver outra coisa senão vilões com pau.
    [...]É bom que haja escapes ao paradigma básico. Que haja um comentário lembrando que Rodrigo também já podia ter passado pelos seus vômitos e que mocinhas também podem ser cruéis.
    [...]O sofrimento que existia. Sofrimento que o paradigma da dominação masculina combinado às crenças sexistas femininas deixam invisível. Afinal, diz o esquema que quem sofre é mulher, e os homens fazem, fazem canalhices.“

    Discordo, Rodrigo. Está aqui a quebra de paradigma: nós comemos - vocês são comidos. Nós seduzimos - vocês são seduzidos (os tempos são outros, homem!). Nós também fazemos sofrer um bocado - porque sofrer faz parte dessa coisa irritante melancólico-hormonal que nós temos. E nós sofremos até por jujuba que cai do saquinho. Mas quando fazemos sofrer, é foda. Aí, sim, é sofrimento pra valer. E deixamos marcas profundas. E nos solidarizamos por tudo (não direi que vocês se solidarizam por futebol porque estaria sendo declarada e extremamente cretina e estaria generalizando...)
    Não creio que a autora estivesse se vitimizando, Rodrigo. De forma alguma creio que ela estivesse vitimizando o gênero feminino. Aliás, essas mulheres aqui não se vitimizam. Sinto muito, mas nós somos a quebra de paradigma. A existência de um Rodrigo, um Zé ou um outro possível alguém não suplanta as centenas de outras deliciosas experiências que também já foram escritas e ainda serão enaltecidas aqui e em outros cantos.
    Então, Rodrigo - da Moça ou não - espero que VOCÊ não se vitimize. Espero realmente que nos acompanhe e tente aceitar - já que entender é algo que não queremos que aconteça, pois destruiria o charme do enigma da origem do mundo - essas criaturas tão doces e ternamente conturbadas - seja em suas noites tranqüilas ou em seus maremotos sentimentais.

    Um beijo pra você.
    :)

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  5. Rodrigo, eu nem conheço a Moça. Mas se eu tivesse lido você antes, eu teria dito a Moça do Rodrigo.

    Todos destróem. A gente destrói porque ama. Estar destruida é força pra recomeçar.

    Este texto nasceu da leitura de um blog que eu parei vagando.
    Aliás, muitas mulheres conseguem fazer um furacão. Talvez outro dia, eu faça como a Nina e responda direitinho a tudo que você disse.

    Mas não se vitimize. Existem Rodrigo's e Camila's no mundo. Existem João's e Ana's. Existe gente e gente chora, grita, esperneia, se apaixona. Gente tem vida e só!

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  6. muito irônico, mas justamente nesse dia (08/01/2011) um Rodrigo (na identidade mesmo) também destriu boa parte dos meus sonhos...construidos durante 7 anos que foram destruidos num dia pode? mas fazer oq né?! ótimo blog, parabéns meninas.

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  7. Quer que eu mude o nome? Eu posso mudar se isso te ofende, mas não vou perguntar no meio da rua como vai a moça. Eu não os conheço e nem os reconhecerei. Coincidentemente, outra moça foi destruida por um Rodrigo.

    Rodrigo é o nome favorito do meu pai, mas só conseguiu ter um filho Gustavo e o Gustavo é do tipo que é destruído por Moças. Ah, se fosse Rodrigo, ele era um trator. brincadeirinha!

    Rodrigo, o texto parece de vítima, sim. Você tem toda razão nesse aspecto. Todavia, não posso mudar. Se eu escrever um da sua redenção você lê? É tudo que posso fazer. Só que o texto representa três parágrafos de tudo que escrevi e escreverei. Foi um dia de fraqueza de uma Moça e gente fraqueja.

    Vou tomar mais cuidado com isso. Eu prometo. Ademais não deixa as moças pra trás, existem tantas dela do lado de fora. Tantas moças que ainda merecem passeios. Qualquer dia, a Moça deixa outro no lugar do Rodrigo e que seja melhor, que ame mais, que doa menos.

    O que nos resta é esperar que os amores sejam mais amores e menos dores. Rima desgraçada essa de amor com dor, hein?

    Então, eu vou dar esse assunto como encerrado. Se quiser ficar e conhecer as moças, você pode ver que é diferente ou confirmar suas suspeitas. Não sei, é tudo relacional. Se não, fica bem e pode deixar que guardaremos com muito carinho seu (belo) texto de desabafo.

    Beijos,
    Camila

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  8. Rodrigo, vc me boicotou. Quando eu vim aqui salvar o seu texto, você tinha apagado todas as postagens. :P

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  9. hahaha

    Pois é. Rápido no gatilho! :P

    Não fico a vontade com essa coisa pública de jeito nenhum...

    Mas eu salvei antes. Te mando no email do perfil google.

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