quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Uma carta sobre amor, cereja, bolo e falta de confiança.

Eu te amo. Não O amo, eu TE amo. Existe uma grande diferença nisso e não me refiro ao erro.A diferença é a forma espontânea desse amor, que se recusa a seguir as regras, porque eu amo do jeito que só eu sei amar, todo mundo ama como pode, como quer, embora alguns prefiram não ultrapassar a linha amarela. Mas eu não, eu realmente te amo.

Quem me vê, ou melhor, quem me lê repetindo esses abundantes “amo, amo, amo” pra cá e pra lá nem imagina que no fundo eu tenho pavor disso tudo, dessas repetições. E me irrito, me irrito muito por já ter notado que sempre que faz algo que me desagrada, dispara logo um “te amo” pra mim, achando que duas palavras podem reparar todos os danos que sua personalidade pode me causar. Não, não mesmo...Já sabe também que isso não cola comigo, mas não entendo porque continua insistindo em me dizer “te amo” quando minha vontade é de te matar. Raiva passageira, tudo bem, eu taco o celular longe e começo a dar um daqueles pitis de fúria trancada no quarto, aí o celular faz o barulhinho da mensagem e eu corro pra olhar, ainda que o desejo de te matar não tenha desaparecido, então leio um “te amo” (banal, comum, sem graça, sem sal) e a vontade de te matar só aumenta, mas de um jeito diferente, porque aí dá vontade de rir. É, rir. Rir da sua preguiça de pedir perdão, do seu sono por dar explicações. Eu quase fico gargalhando sozinha, amargurada, enfurecida.

Não sei se já amou, acho que sim, mas as táticas do jogo sempre mudam, não te avisaram? Meu bem, eu não vou me jogar aos seus pés só porque diz me amar, porque isso é muito pouco pra mim, “eu te amo” é o mesmo que um punhadinho de migalhas, porque eu sou íntima o suficiente das palavras para saber o quanto elas podem ser traiçoeiras, ela podem brincar com sentimentos, acabar com alguém, mas essas três palavrinhas (ou duas) não têm efeito algum, elas são só um complemento, uma cerejinha no bolo. E o que é uma cerejinha no bolo se não existe um bolo? É, você precisa preparar a base primeiro, o recheio, a cobertura, há tanto o que fazer! Não se apresse pensando que o meu romantismo vai ser um aliado nesse romance, porque o meu romantismo é descrente, ele é frio e calculista. Sim, isso é possível.

Eu não confio em você. Isso, nem um pouco. Existem mulheres que precisam dar seu corpo como prova de amor e confiança a um homem, mas nunca fui desse tipo, porque nunca tive saco pra provar as coisas para os outros, isso me cansa. O meu corpo eu dou porque eu quero dar, uai! É tudo meu mesmo, se quero dar, quem vai me impedir? Jesus Cristo? Papai Noel? Ah, pela graça da vida, não vou ficar tentando provar que confio em ninguém, porque isso vai ser uma baita mentira cabeluda. Não confio, nunca confiei e (infelizmente) não vejo como começar a confiar. Mas, nem por isso vou ficar me podando. Eu falo, eu grito, eu sussurro, eu aperto, mordo, abro, fico me exibindo e não estou nem aí para o fato de achar ou não que isso é prova de confiança, porque eu sei que não é. A maioria das pessoas acha que entregar o corpo é dar seu bem mais precioso ao outro, ou que amar é dar seu bem mais precioso, pois eu discordo das duas opiniões. Eu amo e me ofereço de corpo inteiro, mas não sei confiar em ninguém. Nem ao menos em você, que tanto amo.

Chica Blanco escreveu para Bruno Souza.

5 comentários:

  1. Uma delícia. O drama na obra de vocês é muito bom. Acho que deveriam escrever mais que partes, vejo aqui um potencial de uma peça ou algo parecido.

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  2. cara..ameiiiiiiii....vc externou tanta coisa que eu pensava...e n sabia bem o que era...rs...vc os externou! ah obrigada!!!!!!!rs

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  3. Sobre o primeiro comentário: É verdade, futuramente podemos pensar num projeto assim. Apesar de termos todas uma rotina meio corrida, pra esse tipo de coisa é mole, mole arrumar tempo!

    Sobre o segundo comentário: De nada!!!! (Risos) Essa é a graça de escrever, o grande barato, saca? A gente escreve pra tentar expor uma opinião, porque está cansado das opiniões e conceitos do mundo, mas aí, outras pessoas lêem e percebem que sentem o mesmo. Acho que essa é a grande graça da coisa, eu adoro.

    Beijo para meus dois leitores ^^

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  4. Pra mim, Este é o teu melhor texto, amor!

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  5. Pra mim que escreve aqui , escreve muito e sempre, por que existe PAIXÃO, FOGO , CHOCOLATE E PIMENTA! sacam? beijos

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