sábado, 31 de dezembro de 2011

Mudar o mundo...começa por você!

Pule as barreiras dos sonhos
Brinque com a realidade
Brinde com a alegria
Toque o amor, mesmo sem querer

Sorria e lambuze-se
Do doce encanto
Doce encanto que é viver.
Dance ao som dos ventos

Abrace o calor do sol
Sopre bolinhas de sabão
Ria, sorria, encante-se
Viva... a graça de uma manhã

Aspire o ar da chuva
Deixe as tristezas
Que vão embora
Nas enxurradas da tarde

Sorria para o céu
Conte estrelas, sem medo das verrugas
Agradeça a imensidão Divina
E Respire o perfume de um novo dia...
viva 2012!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Regras de sobrevivencia...saída de emergência.

Alguns passos precisam ser dados: Delatar o número referência de mulher que era, ou, que foi trilhada, nos ultimos meses. Deletar da lista, dizer tchau, sem decoreba e sequência, ao traficante & fornecedor de droga do apego, de zero lucidez. Desatar o nó das pernas e correr. Aceitar a perda, fluidez de amor fornecedor, ir ao encontro de ...

sábado, 3 de dezembro de 2011

Fui tua

Entrei no carro. Nos beijamos entre as curvas da madrugada, na rua do hospital municipal. Sentimos que dosei ao me entregar, e foi mero passado no exato momento em que  sua mão adentrou minha calcinha .
Apesar de tudo - que é tudo agora - vamos ficar longe e dormir em paz. Mesmo que teus braços nessa pequena causem conforto e amor sem fim , ou quando esse conforto chora quando tem que te largar, pra nós não há nada por vir. Nem quando me contenho pra não sair gritando "ele é meu, casado de papel passado mas é meu !"...
Tu sabes, amor de todas elas, diante de tudo eu ainda preferi assim. Te amei em silêncio de voz pra esquecer e aproveitar o que a vida diz: que só as vezes a gente é feliz. Que fui tua pequena quando subi as escadas - do território inimigo - na cama tua e dela, que fui teu amor no corredor e no banheiro, que fui tua vida no restaurante onde todos acham que somos "pra sempre" ou  fazendo drama ao me despedir do corpo e do teu sol, da tua crueldade masculina no feminino luxúria do plural.
Ali depois de gemidos, suspiros e seu gosto em meus lábios...
foi Impar e sem igual.
 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Macumba minha...

 "Não me deixe só, que eu saio na capoeira,
sou perigosa , sou macumbeira..."
Vanessa da Mata

Como sou curandeira de mim mesma, acho digno me jogar e me salvar quando o processo pedir. E ele sempre pede, pois sempre precisarei sufocar contabilmente, talvez para o resto dos dias. Mas quando o processo exigir ação na vida, coração, cervejas caras e vinho pingando no corpo, pelos meios, não vou hesitar. Vou intervir, provocar o acaso e o amor pelo sabor das letras e números em sussurros no pescoço de algum gentleman. Vou ser assim, hábil e linda, sem título profissional. Gozar, gostar & relatar. Mesmo que ainda me pergunte quem ele é de verdade, quem sou. Dou meu braço inteiro e algumas partes dignas de fricção, pela mensuração do incendiário compasso de curvas, no lucro da exaustão, no segredo ...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Neuroses

Ele dormiu, eu não. Eu nunca durmo. Eu só fecho os olhos. Ficar acordada me dá a falsa sensação de controle que eu preciso. (...) Está tão bom assim, ele sabe que depois eu surto, fico insuportavel, sufoco, fico insegura, psicotica, mulherzinha, uma porra. Eu não vou deixar isso acontecer, esse ano a minha palavra é leveza...
Vou amar e odiar também, assim balanceio minhas neuroses.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Quanta dor...

Querido,

Preciso te contar, meu tão querido, o que você me fez. Quero crer que você fez tudo isso sem ver, sem perceber, e sem a menor intenção. Na sua cabeça, você estava certo e foi isso que importou por muito tempo. Mas querido, olha como você me fez. Queria que eu fosse tão boa quanto você, uma perfeita cópia sua. E você jamais precisou de elogios ou de aprovação, e não importa se alguém tente achar algum defeito seu: ele não existe. Já eu... Bom, eu sou desgrenhada como uma bruxinha, a mais gorda da sala, o meu perfume é fedido e é inclusive por isso que eu fui achada na lata de lixo. Por alguns anos eu não tinha coragem de me sentar ao seu lado. Eu dirijo mal como você, sou misantropa como você, traiçoeira como você. Não me importo com as vontades dos outros, como você. E por isso, devo ser punida.

Mas o fato, meu querido, é que meu pior medo sempre foi decepcionar você. E eu vivia fazendo isso, o tempo todo. Quando eu não acertava uma cesta do garrafão, quando eu não aprendi matemática, quando eu não aprendi biologia. Mais tarde, não importou que eu tivesse aprendido bem as duas matérias, além de física e química. Muito menos que eu fosse craque em história, geografia, inglês, português e literatura. Você sempre soube mais.

Perdoa, querido, mas a culpa é quase toda sua se eu nunca fui um monstro feio e gordo e sempre pensei isso de mim. Se algum dia eu me achei muito burra e incapaz (e olha, foram vários dias), a culpa é sua. Eu nunca fui boa o suficiente, nem para mim, nem para você. E enquanto eu não for um ser perfeito, eu não serei um ser completo, e aí você não pode permitir que eu me torne uma adulta.

O momento mais feliz da minha vida foi o meio sorriso e o abraço que eu ganhei de você quando fomos á uma loja de guitarras. Um ano depois, foi o pior momento da história do meu universo,você disse que se envergonhava de ter alguém como eu em casa.

O mais assustador é que você nunca está errado. Mas o seu problema é que você sempre age de maneira errada.

Por mais de duas décadas eu me orgulhei dos seus acertos e perdoei os seus erros, e tudo que te peço agora é que você faça o mesmo por mim. Por favor, me deixa ser.
Me deixa ser sua.



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

domingo, 30 de outubro de 2011

E por me amar demais...

Mereço da vida o melhor. Não por ser eu alguém especial pro mundo, mas por ser eu alguém especial pra mim. Por isso me dou de presente a paz, a alegria e o amor. Brindo a mim mesma com o olhar de aprovação pelo que sou.
Eu me amo intensamente. Gosto de cada parte de mim, e mesmo assim, sou mais a cada dia. Pode parecer uma incongruência melhorar a medida que passam os anos, mas é assim que acontece comigo. Sou hoje melhor do que ontem e amanhã ainda mais.
Recebo amor onde quer que eu vá. De mim mesma e de quem me rodeia. Carinho, palavras, atitudes estão por toda parte. E são sinceros, sem interesses vinculados ou verdades ocultas. São porque são, porque eu mereço. Porque quem está do meu lado recebe de mim nada menos que isso, nada menos que o melhor de mim.
A vida é assim. Fluxo e refluxo. Quando você está pronto a dar o melhor de si, o mundo se ordena para receber. Equilíbiro. E em cada passo, você recebe o melhor do mundo. Abra o seu coração.
Eu amo a pessoa no espelho. Amo os sinais do tempo e o brilho do olhar. Amo aquela que se constrói a cada dia. Amo minha alma. E o universo me acolhe e conduz.
Minha estrela brilha mais a cada manhã. Quem tiver olhos que veja.


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Pois é. De repente veio o incômodo (e o desejo de não pensá-lo) relacionado àquela discussão quanto ao ato de maquiar as sensações passadas. Talvez porque elas vieram - e de modo muito covarde, eu diria. Eu e a facilidade de apagar os momentos - por vezes temporariamente, outras não. Eu e as atitudes levianas ou indiferentes. Eu e momentos apáticos e momentos vazios e momentos tão nítidos. Eu e o (i)mundo que veio arrasando tudo e me roubando o bom/bem.

Eu e a certeza e que preciso renovar meus óculos.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Um dia, um Adeus...mas foi melhor por que você me machuca demais.

Você me machuca. Você me machuca e não faz ideia de que o faz, pelo simples fato de que eu jamais vou te dizer isso. Você vai rir na minha cara e me dizer pra deixar de levar tudo tão a sério. Por mim, você não vai mudar. Sei disso porque sei que as pessoas não mudam, jamais, nem mesmo por quem se ama. As pessoas não mudam.

Sabe, já me disseram pra não nos levar sempre a sério. Essa mesma pessoa já me disse pra não guardar esse tipo de coisa pra mim, pra não ficar com sentimento de frustração amordaçado aqui no peito mas olha, não dá pra te contar isso. Você nunca vai entender. Vai fazer sua careta tão fofinha e convincente de sou-super-legal-todo-mundo-me-ama-incondicionalmente-e-eu-sempre-tenho-a-razão-em-tudo. Vai dizer que eu é que sou agressiva, eu que te ataco, que eu te ignoro, e vai perguntar : porque você fica assim? E isso me dói, dói, dói, me dói inteirinha, me rasga os órgãos e me aperta o cérebro e me faz querer gritar com você mas eu finjo de surda e penso que eu ainda te amo, que eu ainda te quero bem e que o que você disse não é nada e que eu é que sou a exagerada da história.


O engraçado é que eu faço isso porque você me pediu. Pediu para não ser assim, não te atacar, não ser agressiva. Nunca percebeu que toda vez que eu te atacava, era na verdade um contra-ataque. Uma defesa. Pois agora você me pediu, e estou sem defesas, sem um escudo cheio de espinhos para me proteger de você. E você continua me machucando, e eu acho que é porque eu não te pedi para não ser assim, ou porque você entendeu que é assim que deve me tratar, ou porque você acha o máximo me tratar assim. Não importa, o fato é que você faz isso.


Me desculpa por dizer isso assim, meu bem-querer, não quero que você nunca descubra que a pessoa deste texto é você, e se você descobrir, espero o seu perdão. Mas olha, você me machuca ao ponto de eu escrever um texto só sobre isso.

Você me machuca demais.


...e eu te amo.

sábado, 15 de outubro de 2011

Eu sou

Sou a luz dos seus olhos
que brilha no escuro
O cais onde me abrigo
Meu porto seguro
sou o sorriso em seus lábios
O calor do seu corpo
A vontade mais intensa
De tudo que sinto e não vejo,
Sou seu segredo mais perfeito
O que sempre quis e não tive
A vontade que em si reside
E que a todo instante em mim revive
Sou seu desejo mais secreto
A saudade que te prnde
O encantamento de meus dias
A chama que acende
e Nada mais posso sonhar
além de estar na sua vida
O meu infinito desejo de te amar

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ela era nova...

Naty escrevia por inveja. Tudo que lia, mesmo que lindo, soava, pra ela, como um insulto, um desafio. Naty ainda era nova, tinha a idade em que as pessoas exibem os livros na prateleira e se sentem mais felizes por tê-los do que por lê-los.

Naty era tão nova que achava que sexo tinha a ver com amor e que cinema parecia verdade. Ela tinha um caderno onde escrevia suas coisas. A essas coisas, Naty deu o nome de arte. Ela mesma não sabia se, por ousadia, ou falta de criatividade.

Quando o caderno dela acabava, ela o guardava em algum lugar escondido, mas tinha certeza que, assim como segredos,
isso também era algo que guardava pra mostrar algum dia. Aliás, Naty era tão nova que ainda acreditava que amanhã, ou depois, ou não sei, qualquer coisa magnífica aconteceria.

Coitada da Naty, ela era tão nova...


... ela não sabia de nada da vida, e hoje ainda não sabe metade.

domingo, 9 de outubro de 2011

da dor e outras drogas

O relógio gritava uma hora tarde qualquer. Aquelas horas sempre bem vindas da madrugada tiravam-lhe o sono e o juízo. Era engolida por um desejo suicida ordinário, vontades de gargantas arranhadas e desmesuras passionais que se repetiam a cada instante incontável, a cada piscar de olhos, a cada pensamento intrigado e talhado de verdades. E quando aquela castanhura sorridente dos olhos de Josephine suplicava-lhe descanso, outro precipício se abria no meio daquele mundo de ardências e pequenos desesperos indecentes. E da candura de olhos esverdeados surgia uma criatura diferente, bestificada e avassaladora, de pele posta em brasa e semi-sorriso de caninos à mostra. Josephine, petrificada, sentia doer a curva do corpo, uma vergonha que se dissipava com a dor e cedia espaço ao desespero ruborizado que a violação provocava, rogando em prece ácida e ofegante que a morte não chegasse, que o suplício se estendesse vida afora - mar adentro - para que sentisse de verdade o que era a carne. E o inferno a consumia de dentro para fora, como se ele, o demônio, a devorasse pelo avesso. E se olhava nos espelhos dos olhos profundos de Josephine, lugar de memórias de tempo presente, anunciando a morte quente e violenta que colocaria, enfim, um sorriso cretino naquele rosto vermelho de atrocidades de amor. 

Postado por Nina

Originalmente publicado em http://umaestranhanolivro.blogspot.com/


sábado, 8 de outubro de 2011

Teu corpo

Do teu corpo um mapa,
teu corpo que me leva ao meu.
Teu corpo...
Teu corpo é raiz
rasgando a terra nua
do meu sexo
Teu corpo é vertical
onde os meus dedos tocam as distâncias
desses milimetricos deleites em forma de poros,
Teu corpo é diálogo sem palavras
O grito em ressonância
no meu espaço.
É tudo que eu preciso agora,
é tudo que por mim é mais amado.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Vazia

Com a alma desnuda...alma despida.
Mãos já vazias, que silenciam nos lábios as palavras...
escuro aqui, minha luz que se acaba.
Sombras que envolvem , tudo e nada.
A leve nostalgia de tempos, passados...
A lágrima agora que cai,
em ecos,
que o vento transporta...
Nesta dolorosa,
pausa.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Filho II

Menos mulher, querendo que o sangue não desça pelas minhas coxas,
querendo que os ovúlos corram pelo meu ventre e o pedido...
-faça -me um filho,
 querendo o eterno , o infinito
 o laço sagrado, matriarquico
 o que é certo, lei da vida
 mulher gera, ama, procria e cria
 então não me negue o  pedido,
 faça me um filho
 e não me faça um só
 faça 2, 3... faça completa o que vazia é
 mesmo quando dizem que seca daqui nada brotará
 e eu preciso que desse pé saiam laranjas, limas, uva, cajá, cajú...e flor.
 eu preciso que de mim provenha a vida
 por mais negada que ela seja
 por mais sacana e vadia que ela tenha sido
 é minha parte do trato...eu peço e tu me dá!...me dê um filho.
 Não peço um orgasmo, não peço uma transa...eu quero ser cheia, plena, quero ver a pele esticar, elasticar
 envolver
 acobertar
 e se preencher de um ser
 Ser esse que amo
 amo sem conhecer
 amo sem conceber
 amo sem saber se poderei um dia ter o prazer de tê-lo dentro de mim
 mas já o amo...por que engravidei dele em emoção , em paixão, em amor ...
 do individual
 do psicopatologico
 do esquizofrenico amor freudiano
 eu sei...
 eu amo incondicionalmente
 aquém não posso ter
 Então olhe em meu olhos
 e realize meu singelo desejo
 daí me filhos!
 as  como Ana ...no velho (novo) testamento ... me engravida
 Não quero sangrar 9 meses... quero que dê mim saiam lágrimas, suor e leite...
 eu quero...
 e eu preciso
 Se
 podes?
 podes...
 Senhor, meu Pai...daí me filhos...senão morro.
 

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

As cartas que não mandei I

O Corpo dele pesava sobre o dela. Isso era o menos importante. O que ela gostava era do som que ele emitia. Sincronizado com o movimento do corpo dele. Entrava e saia do dela. Era a música que saia dos corpos nus. Logo ele que musicava palavras era capaz de fazer com que a mais bela melodia saísse de sua respiração cansada, do instinto animal.Era a canção que saindo de um corpo, extasiava outro.

Ela podia resistir ao seu toque suave, à voz doce. Podia resistir ao corpo que se encaixava no seu. Resistiria até ao jeito que ele alisava seus cabelos. Lutaria contra o desejo que os unia. Só não era forte o bastante para resistir ao ofegar dele. Como era gostoso ouvi-lo ofegar. Era a melhor parte do sexo. Já nem se lembra se ela fazia silêncio. Se ela calava era para que a respiração dele ecoasse por todos os cantos do quarto.

Aquele ofegar fazia com que ela esquecesse a falta de tempo, a correria, a vida que seguiu e segue todos os dias. Tirava dela o peso do mundo. Conseguia ser melhor que Chico e Caetano, mais sexy que Gotan Project. Era a música dos anjos se anjos existem. A harpa dos deuses se é possível acreditar em deus. O melhor de tudo, ele era humano, sensual, carnal, sexual. Pra ela, era divino ser humana com ele. Era sublime estar na cama dele.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Pelo direito à dignidade de ser ao menos uma puta

Se ao menos me tratasse com a dignidade de uma puta
Eu receberia dinheiro em vez de lamentações inúteis
Eu teria lido o que escreveu e até sorrido com ternura
Teria achado bonitinho

Se eu merecesse ser uma puta em sua vida
Honra que já estaria de bom tamanho para os meus “quereres”
Ah, aí eu me faria!
Me revelaria a grande dama da noite que jamais fui por inteira
Isso se eu olhasse quando gritasse “puta!”

Ah...Eu devia ter olhado, ter atendido seu chamado!
Devia ter usado aquele vestidinho de veludo vinho
Calçado aquele salto agulha
Devia ter retocado meu batom vermelho
E ter posto aquelas argolas esquecidas na minha gaveta

Quisera eu ser puta, ser garota de programa, ser piranha
A vantagem de poder rebolar pelas esquinas da vida
Ou tropeçar e cair nas poças da sarjeta
Vender meu único bem físico
Em troca de algum aluguel de mixaria numa daquelas ruazinhas do centro

Podia eu ser uma piranha da Lapa
Fiel ao meu trabalho, à minha “vocação”
De tão centrada, quase registrada
Daquelas que cobram 20 por uma gozada
E que só passam dos 50 para os gringos

Vadia, galinha, vagabunda, uma mulher da vida
Ou do julgasse ser uma vida
Sem beijos e sem medos
Sem tudo
E com nada

Uma puta digna
Trepando em carros, espeluncas e ruas levemente movimentadas
Com homens casados, mulheres, tarados, operários e psicopatas...
Sorrindo da safadeza alheia que só refletisse a dos meus olhos
Levando tapinhas na bunda e sendo chamada de cachorra
Recebendo puxões de cabelo e tapas na cara

Céus, que sonho lindo poder ser tratada com tanto esmero
Ser respeitada com toda a indiferença que merecesse
Não ser mencionada
Ter meu nome esquecido
Nome falso e perdido
Nunca passar de uma foda
E uma que foda que não fosse nem tão foda


Pra poder chegar em meu quartinho alugado
Como toda boa puta
Já pela metade da manhã
E poder tomar um banho depois de uma fila para o banheiro
Vestir uma roupa com cheiro de mofo e beijar meu travesseiro
Gasto
Mas fofo o suficiente para abafar minha sessão de choro diária
Soluçando para os ácaros até que a exaustão me tomasse pra si

Cansaço de ser tão do mundo, de tantos mundos
Que me fizesse esperar a noite e a madrugada inteira pra me roubar pra mim
Me roubar de mim
E me entregar a Morfeu
Porque se sou inteiramente minha eu não consigo realmente me pertencer
Então me protejo dentro de meus sonhos
Lá, onde as coisas possíveis realmente são possíveis
E onde eu pertenço a um só homem

Que me ouve pedir pra ser tratada como puta
Que me vê cair aos seus pés exigindo punições
Numa tentativa desesperada de obter o mínimo de compaixão inversa
E recebe em troca amor
O seu amor
Sendo tocada como a última mulher do planeta
E sendo amada como a mulher de sua vida.

Hoje eu vou te fazer feliz

Era preciso mais uma dose de coragem. Porque minha taça está vazia e o bar já está prestes a fechar. Daqui eu não saio sem minha força. Sóbria eu não lembro o caminho de casa.

Levanto o braço e peço mais uma. O indicador aponta para o céu (queria chamar a atenção). Em seguida, aponto para a taça vazia, sob o rosto levemente interessado do garçom. E lanço aquele meu olhar doce e alcoolizado de “quero mais”. Ao que tudo indica, funciona bem. Ele se retira e algo em seus gestos me faz acreditar que meu desejo será realizado.

Eu posso pagar e isso também me ajuda a crer que terei o que quero. Eu sei que posso e eles também sabem, é evidente. Canetas e bebidas são sempre minhas prioridades, sempre. A felicidade da taça cheia e do instrumento de trabalho presentes em cima de uma mesa é realmente o que mais me tranqüiliza neste mundo.

E a alegria tem seu momento de auge assim que posso ver o rapaz com uniforme tradicional se aproximar, trazendo consigo a minha nova taça. Taça limpa, gelada, com gotinhas por fora e paixão líquida por dentro. Agradeço, verdadeiramente grata, então abaixo a cabeça e sorrio pra ninguém.

Mais uma noite de repensadas subjetivas. Uma madrugada que se arrasta por entre os goles fartos. Porque nunca fui de beber devagar, comer devagar, andar devagar, demorar pra gozar... E é através desse líquido de sangue de uva que eu fortaleço as minhas agilidades.

Olho para a pilastra ao lado da mesa e me sinto linda diante do espelho agradavelmente manchado. Me sinto privilegiada por estar neste corpo esta noite, embora eu não faça idéia de quem ele pertença na realidade e muito menos onde o meu deve estar neste momento. Aproveito para retocar o batom e limpar a mancha preta que naturalmente escorre dos meus olhos.

“Hoje eu sou Cleópatra aos 17 e nada pode me impedir de devorar o mundo”. Não sei se cheguei a pronunciar essas palavras ou se apenas pensei. Fico na dúvida por 37 segundos e deixo pra lá. Entre as reflexões sem conotação sexual ou amorosa e a descoberta do espelho vizinho, uma taça se foi lindamente. Peço mais uma, seguindo o mesmo ritual.

Quando faltar 1 hora para o sol nascer, vou pedir a conta, pagar, ir rapidamente ao banheiro e me retirar deste estabelecimento. Eu sou uma mulher atraente enquanto o sereno preenche o ar, enquanto o vento faz barulho e assusta os insones, então vou
me equilibrar nestas duas pernas que já foram tão firmes durante longas corridas debaixo de um sol escaldante e seguirei a pé até a sua casa.

Você não tem ninguém ao seu lado esta noite e acho isso o maior crime do espaço sideral. Porque você é um homem atraente. Ou melhor, não sei muito bem, porque os meus julgamentos sempre são tão contrários aos dos presidentes da república e editores de revistas infanto-juvenis... Pra ser sincera, talvez você seja horrível, talvez a feiúra e a falta de charme e de modos sejam suas marcas registradas, mas não estou em condições de te avaliar. Existe entre nós dois um muro que me impede de te ver realmente, independentemente do que faça. Você está numa bolha de cristal e eu a seguro em minhas mãos sempre que a alcanço, mas você escorrega e cai num mar de plumas, onde pode quase flutuar.


Sim, estou apaixonada por você, Estevão. Ou Roberto, Pedro, Fabrício, João, sei lá que nome eu invento! Estou apaixonada por alguém que não é mais ninguém além do alguém que você é. Isso já basta. Sem nome, sem idade, sem cor, sem cabelo, sem sequer pensar no tamanho do seu pau. Sem nada. Apaixonada, completamente. Entregue como uma oferenda à Mãe Iemanjá. Deixada no oceano escuro e revolto em uma noite iluminada apenas pela lua. Sou um bebê deixado à sua porta numa madrugada de terça ou quinta, ainda com o cordão umbilical pendurado. Sou como um filhote nascido em cativeiro e rejeitado pela mãe. Eu preciso de cuidados.

Beijos nos pulsos, nas pontas dos dedos, mordidas nos pés, carinhos levemente imperceptíveis no rosto, passando pelas sobrancelhas, parando para um beijo leve na ponta do nariz, sorrindo com doçura, beijando meu colo quase sem fazer barulho, então me apertando contra o próprio corpo, me imprensando em alguma parede que pode me arranhar, mordendo minha nuca pra deixar marca, chupando minha língua, envolvendo sua cintura com minhas coxas, tirando meus pés do chão quando meus pensamentos já estão há tempos no céu, abrindo minha blusa e enfiando seu rosto entre meus peitos, me ouvindo ultrapassar a fase dos suspiros, lutando para conseguir me ouvir gemer, conseguindo a cada milésimo de segundo me fazer te querer ainda mais...

E eu sonhando para que fosse possível te pôr inteiro dentro de mim, idealizando antes do gozo a possibilidade de abrir minhas portas para que vivesse em meu interior pra sempre, sendo mais do que meu, sendo eu. Você soa e eu acho impossível o fato de com isso, acabar sentindo ainda mais prazer, então ambos suamos. De desespero, de agonia, da maior felicidade que o mundo pode proporcionar longe da solidão, suamos porque eu estou sendo inteira sua, sem cogitar que posso estar tendo apenas um delírio de uma magia a dois. Então nos fundimos, como se por segundos, fossemos um de dois pra sempre. E eu reaprendo a matemática do amor, ao sentir no fundo do peito o que só as mulheres podem sentir. Sentindo o dois que éramos, sentindo o um que nos tornamos e o três que nos transformamos. Eu a casa, você o visitante e também lá dentro, o proprietário: Bendito o fruto que brotará do meu ventre.

De repente eu acordo, num susto. Estou deitada em minha cama, sem uma peça de roupa sequer, então começo a rir sozinha. Não há ninguém ao lado, não ouço ninguém falar por perto. Mas então eu acaricio minha barriga e pergunto ao pássaro na janela: “Sonho?”. Ele canta. Eu sei que não.

terça-feira, 26 de julho de 2011

A noite que valia o mundo


Uma única noite pode valer um mundo
Ou dois
Uma vida inteira pode ser intensa como todo
Ou cada instante de uma mesma noite modificando tudo
Crescendo, transformando, anoitecendo, amanhecendo
Não, sem amanhecer
Sem o amanhã que nos faça despertar
Sem sequer a leve sensação de que o dia seguinte chega
Assim que o sol entra no quarto e nos aquece o corpo
Eu quero o frio, por favor, que não amanheça
O frio que me faça tremer e pedir sua presença
Um corpo para me aquecer na madrugada de uma pós-ressaca
Um sonho que me valha a promessa de não esquecer essa data
Só um dia, um mês e um ano
De uma noite
Uma única noite que chegou a valer um mundo
O de nós dois
Duas vidas inteiras que trocariam tudo por uma noite
A passada

domingo, 17 de julho de 2011

Só...

de saber que você existe me sinto melhor
me sinto feliz,
me sinto vivo,
quer realmente saber o que eu acho melhor?
vou te dizer minha vida, meu amor...
o que eu acho melhor é que eu pare de atrapalhar sua vida, que eu pare de ser alguém que você 
tem que esconder, alguém que você não pode levar em casa
eu quero poder sair com você
te beijar em qualquer lugar,
poder passar noites e noites com você
o melhor pra mim era poder sair daqui agora e ir aí, nem que fosse para te dar um beijo e voltar
nem que fosse pra ficar te espiando da janela
nem que fosse pra ver o seu vulto, a sua sombra na parede
o melhor pra mim é estar ao seu lado
como namorado, como marido
de verdade
e não de mentirinha...
o melhor pra mim é sair com você
no dia e na hora que eu bem entender
poder te beijar quando eu quiser
poder te abraçar
te dar colo
receber colo
poder ir à festas com você
poder te levar aqueles almoços chatos de familia,
poder te apresentar para todo mundo como minha,
minha...
só minha
sempre...
pra sempre
e não ficar aqui sozinho, conversado com você online com o coração doendo
com lágrimas nos olhos,
com a cabeça nas nuvens...
sonhando no momento que poderei realizar meu sonho de ter você em meus braços
e não uma hora por dia apenas
queria poder ir aí, te pegar, te trazer pra casa e fazer amor com você a noite inteira
mas quem sou eu para querer tudo isso né...
Te amo, e isso é verdade. A gente sabe disso não sabe?

(outros autores)

domingo, 12 de junho de 2011

Anjo ateu

O mais quente dos infernos do mel sabor de céu,
Paredes, quatro paredes ... não muitas paredes
observadoras e mudas, cúmplices e excitadas paredes.

E beija como um anjo deve beijar, e toca a pecadora
com cuidado e quase como uma prece ora um rosário em sua carne.

E da missa... santa missa... o ateu à faz ajoelhar e rezar :
- oh segura-me os cabelos...se queres ver milagres acontecer!

Anjo ateu, anjo sem religião ...
queimaras ... justo ele, que anjo sempre foi, ate encontrar
o fruto da sua perdição à quem em rendição se entregou .

Por culpa de uma
Diaba... deusa nua , louca e a se mover ...
Profana
que o mata,
na carne
e na reza,
na prece
e na oração
De palavras mal ditas e sujas, de verbos feios  e de gemidos e gritos de paixão.

ah...pobre Anjo ateu... nunca terá o divino perdão...



...diaba

quinta-feira, 19 de maio de 2011

calendário

Vem, olha o calendário - olha o meu calendário. É noite de lua. É dia de maré alta e me encontro transbordada no revés do tempo atravessado e sem juízo. Atomizo o desvio, a dúvida, o medo. Pressuponho atrito, verdade, quimera. [Des] alinho-me. Liquefaço-me na cor que derramas dos olhos, no que não me dizes em sussurros bonitos e nas perturbações labirínticas e extasiantes. Confino-me no invólucro que te cobre os braços e me liberto pelos teus poros - porque te deixo impregnado e transpirante. E tu me reabsorves na ponta da língua-fera, embebedando-se de maresia lunar e violenta. Tu, homem do mar, me faz crer infinita, azul, fértil, ondulante. Então vem depressa e olha de novo o calendário - é nele [e em ti] que encho minhas marés.

terça-feira, 10 de maio de 2011

FOGO

"Onde quer que eu vá,
o que quer que eu faça...sem você,
não tem graça"
Capital Inicial - Fogo

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Palavras Sujas

Me pega no colo. Role comigo na cama até de manhã. Estou farta de saídas furtivas, de beijos roubados, de silêncios, de afastamentos, de distâncias bestas.

Agarra-me pelos cabelos! Puxe-os! Me deite no chão. Ama-me de quatro e do avesso. Revira-me o quanto puder! Diga que me ama e que me odeia! Me lamba! Sussurre no meu ouvido palavras doces. Lamba-me os seios, o pescoço e me faça gemer, me arranque gritos! Morda-me a carne! Marque-me! Lembre-me que sabes palavras sujas! Diga-me palavras sem sentido! Que gemamos até acordar os vizinhos, levarmos multa no condomínio. Que eles sejam capazes de reconhecer nossos gemidos e nos invejem por isso.

Toca-me o corpo! Acaricia-me a pele! Me arranha as costas! Arranca-me o juízo! Invada-me o corpo! Me penetra. Agarra-me em ti! Agarra-me o espírito! Me aprisiona o corpo no teu! Desperta-me o desejo! Toca-me! Arranca-me o prazer das entranhas! Despeje em mim toda a tua vontade de ter prazer. Desperta-me os sentidos.

Pulse! Pulse até não aguentar mais! Goze! Goze de mim, pra mim, goze da vida. Faça-me um filho! Dois! Três! Façamos um filme de amor e de dor. Gozemos de prazer. Tenhamos orgasmos, reviremos os olhos.
Gritemos! Cansemos da vida, suemos a vida. Façamos amor.
Pulse! Pulse mais! Pulse até ficar esgotado e cairmos de cansaço. Quero sentir teu pulsar dentro de mim.
Cansados, então, sejamos felizes.

domingo, 24 de abril de 2011

Noite Plantada

Noite plantada, esperando, esperando... Esperando o que mesmo? Esperando a esperança! Dizem que é a ultima que morre, mas é para mim sempre a ultima a aparecer.
Por onde andarias? Cadê tu?
Por uma noite, a noite toda, noite única a ser eternizada!

Noite plantada, um ateu em meio aos améns, desperdício de amores, não é intenso, não é recíproco, amor de talvez. Prefiro minha paixão ardente! Queimando meu corpo! Deus sabe há beleza disso!

Noite plantada, inventei que pensava, inventei que sabia. Mas o que sei?!?... SEI QUE TE QUERO!
Ilógico! Irracional e mais puro do que jamais senti. Parece erro mais que erro é esse em se procurar o que se busca? Satisfazer o anseio? E quem pode julgar minha essência?
Esqueça por uma vez, uma noite e um dia sua lógica, exalte a pureza!

Noite plantada, quero que me faça homem!Verdadeiramente homem! Minha virilidade, meus músculos, meu sexo, ponha a prova! Prove-me...
Deliciei-se! Faça das palavras verdades, seus sonhos virarem carne, osso, desejo e sabor. Um começo e um fim... Uma historia, mais uma! Sei que você ama tudo isso... Sua vida, seu desejo!
Simplesmente eu. Puro. Quer mais? Preze isso MINHA FLOR!
Agora, faça-me sangrar...
"A Carta de um homem
cheio de desejos ocultos na madrugada"

quarta-feira, 13 de abril de 2011

T


Vou beber só mais esse gole e vou te consumir até você ficar exausto

Até sumir qualquer rastro de dor, pavor, chaga, medo

inquietude

teor de misturas não identificadas

Mas já aviso:

não é algema

É liberdade anunciada ...

Vou beber só mais esse copo, não me interrompa

quero esquecer de quem sou

me lembrar de que sou

só essa nua que tudo te mostra

olhe-me, aproveite tudo...NUA mais que a pele

a alma

e o copo

já vazio.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O reflexo


Estava me preparando para imprimir uma foto sua na antiga impressora em preto e branco

Porque aqui no estágio, sabe como é, imprimo o que quiser

Aí eu nem revelaria, pegaria a sua foto em papel comum

Pra poder colar onde quiser, sem pena

Mas alguma coisa aconteceu

No meio do processo, no monitor, o reflexo do meu rosto apareceu

E de tão pasma, até as rimas estão surgindo

Ainda investigo o que se passa, tamanho o espanto de me ver sorrindo


Eu estava feliz, mas não foi isso

Não só

Eu estava feliz, mas descabelada

É, eu estava agasalhada, com a cara amarrotada e descabelada

Feia, realmente desprovida de beleza

Ai que desespero, ê mania louca e chata de querer a perfeição

Comecei a pensar

Pensei, pensei e pensei e só foi piorando

Pensar causa problemas, não acha?

Cadê minha auto estima a essa hora da manhã?

Devo ter perdido dentro de algum sonho de madrugada


Muito estranho (voltando a contar)

Por trás da sua foto, aquele rosto esquisito refletido

Confesso, senti vergonha

A ponto de pensar como tive coragem de me encantar por você

Você, que não deve se achar perfeito

Embora pareça estar sempre bem consigo mesmo

Mas que me faz sentir isso, esse desespero

Medo de olhar no espelho e ter que encarar o rosto feio de uma mulher insegura


Se tivesse esse poder, eu te afastaria de mim

Por pura precaução, já que logo logo você vai acordar do encanto mesmo...

Se eu tivesse outro poder, eu te manteria comigo pra sempre

Por mais que achem que “pra sempre” é um exagero, eu não me importo

Amo falar pra sempre, amo pensar que é pra sempre

Quase sempre, tudo o que quero,gosto,amo ou possuo é pra sempre

Porque a gente precisa eternizar o passageiro

Já que passa mesmo, e passa tão depressa...


Hoje de manhã (agora), sentei na frente do computador disposta a roubar tua alma

Ou foto, tanto faz

Mas na busca por sua imagem, encontrei a minha própria

E eu não estava preparada para olhar pra dentro

Eu só queria a ilusão de ficar plantada na janela, vendo o mundo

Sempre fui crítica demais e isso me prejudica muito pouco

Porque aprender sobre si mesmo dói, mas pode te curar

E eu sei que não foi a imagem em si que me afetou

Foi o espanto de vê-la, surpresa, como se aquele rosto não me pertencesse

Percebi o quanto renego o meu reflexo

Apenas porque busco uma perfeição que não posso possuir

Simplesmente porque ela não existe.


Chica Blanco.


quinta-feira, 31 de março de 2011

invasões bárbaras

É noite de lua - rosno. Uivo para o céu. Deixo no ar o cheiro agridoce da concha venusiana onde deságua minha alma. É meu cantar para o sátiro - meu convite à dança.
Aproximação. Um início de delicadeza. Mas te quero bruto - pele embaixo das unhas, gosto de sangue na boca, um pouco de dor onde pulsa a vida nesse instante. Faço-me cadela. Culpa dessa outra maldita que reverbera nas paredes do meu corpo. Solto o verbo sujo em teus ouvidos e passo a língua em teu rosto, teu nome, teu desejo. De pelos eriçados - qual bicho - deixo-lhe o cio marcado na pele das coxas - nos pelos da virilha. E te quero forte, lento, fundo. Quero aspereza, crueza, um pouco de hostilidade. Invasão, barbárie, curra. Porque não tenho medo - tenho vida. Porque agora - nessas horas em que violentas meu mundo - sinto vibrar o coração entre as pernas.

Existência

Existe por que você
"Exista em mim, exista forte, fundo, dentro...
exista!"
insiste ... transgride.

Existe dentro de mim
uma nova cor,
um novo sabor.
Seria amor?

Existe dentro de mim,
todo um anseio
todo o desejo
tudo que creio.

Existe dentro de mim
uma luz que brilha
quando eu te vejo

Existe dentro de mim
um fogo que acende
quando eu te beijo


Existe... por que você insiste
Existe por que existimos meu amor.

domingo, 27 de março de 2011

Uma noite

Amor meu, essa noite

dá-me um beijo e me descubra,

dá- me o que é seu e me cubra,

Absurdamente desnuda, transbordando desejo.

Pode ser um sussurro delicado e sensual;

Mãos de veludo que alcançam meus segredos;

mais que um toque, mais que abraços… dá-me um beijo.

Me dá, dá -me e eu te dou um beijo,

Dá-me um beijo do tamanho do meu corpo,

Seus lábios me compreendem,

seu cheiro me entorpece,

perco os sentidos quando abraço sua boca.

Quero teus líquidos , teus resíduos , teu sumo

Dá-me um copo deste teu gosto e… logo alucino.

A lua  lá fora de portas trancadas e nossa culpa esquecida na garagem.

Me toma, teus sentidos alcançam minha pele arrepiada,

Me maltrata, me judia,

Me morde, me ferve o sangue;

O coração eufórico diz que tudo pode

Tudo que não pode

Até calar os gritos nas paredes

e ouvirmos suspiros apenas, suados e ofegantes.

Duas mãos abraçadas;

Dois corpos se mi-mortos saciados;

e o gosto do último beijo ... do dia

Por que outros mil beijos, virão...

Ah! ai! mais que um toque, mais que abraços… dá-me um beijo



Thanks ...


sábado, 26 de março de 2011

o amante

Imagem: Nicoletta Tomas Caravia - Amantes 32

Clementine entrou escorregadia naquele quarto. O mundo emudeceu nublado e cinzento do lado de fora da brancura. O tempo não havia realmente passado - porque sabia que era apenas um conceito não-sentido usado pelos normais para criar justificativas e finalidades ansiosas. Clementine sentia apenas que estava repleta de um tempo perene, incessante, sem pontuações, justificativas ou paradas. E tudo fazia muito sentido porque não buscava sentido nas coisas - encaixes perfeitos de vícios tortuosos e sorridentes. E sempre havia continuidade do ponto onde haviam parado, como se tivesse acabado de se despedir daquela cor que adorava nos olhos do outro. Era sempre um estado de ímpeto, de calma, de desejo - o estado de todas as coisas, de todos as maneiras. Despia-se mesmo antes de estar completamente nua, sem palavras ou conversas prolongadas. Sentiam-se antes da proximidade dos corpos. As peles sorriam, esperançosas e acesas - iluminavam a árvore, a parede, o dia. Deslizou lentamente para junto do outro corpo, feito serpente, feito gato, feito bicho bonito. E então não havia mais paredes, não havia mais teto, não havia mais árvore, não havia mais pensamentos. O foco estava nas sensações de pele, de resposta imediata do seio ao toque, de línguas, de pulso vibrante abaixo das cinturas, onde entendiam-se os sexos e encaixavam-se os desejos nunca contidos dos sempre-amantes. Ele se acolhia trêmulo no refúgio quente e macio de Clementine, longe de todas as neuroses do resto do mundo. E Clementine o recebia de coxas-portas abertas - anfitriã-meretriz amável e molhada. E seus orgasmos começavam no momento em que seus sexos se cumprimentavam em línguas, antes de qualquer invasão, antes de qualquer barbárie. Era um gozar mesmo sem gozar, um gozar permanente de delícias de pele e amor. Um gozar de ais gemidos e sussurrados e contidos. Era um gozar que Clementine só experimentava naquele quarto - porque aquele quarto era qualquer lugar onde o outro estivesse -, naquele corpo, naquele tempo que só existia quando estavam em transe magnético. Não havia maledicências - as más palavras apenas exprimiam o jorrar orgástico e sorridente dos corpos. Os medos foram expulsos definitivamente - havia sustos deliciosos e entregas consentidas de corpo inteiro [um desejo de violação e conquista de todos os cantos que o amante pudesse tomar]. E o prazer arrastava-se e passeava por sensações e choques térmicos avassaladores propiciados pelas línguas perversas dos amantes - o frio doce tornava-se quentura instantânea e torturante que vertia em sal líquido na boca de Clementine. E as pequenas confissões nuas e suadas proferidas pelos lábios em estado de graça enchiam o peito da pequena de sorrisos e desejos.

Clementine levantou-se com o dia. Vestiu-se e beijou o sorriso e os olhos adormecidos do outro, dizendo-lhe segredos e fazendo confissões que ele não lembraria depois que acordasse - ele despertaria apenas com a sensação da paz turbulenta e sexual que Clementine deixara no quarto, nos lençois, no cinzeiro. 

Clementine ganhou a rua. Sentiu saudade. Desejou loucamente que ele não partisse para nenhuma terra distante.

Postado por Nina originalmente em: http://umaestranhanolivro.blogspot.com/
.

sexta-feira, 25 de março de 2011

... rs

A TPM

"Preciso de oxigênio, preciso ter amigos
Preciso ter dinheiro, preciso de carinho
Acho que te amava, agora acho que te odeio
São tudo pequenas coisas e tudo deve passar"
Renato Russo
Lava o rosto pela manhã.
Se olha no espelho...uma, duas, três,quatro, cinco...seis.
- PUTA QUE PARIU! seis espinhas.
Como isso poderia estar acontecendo? após 2 semanas de tratamento facial?
50 reais ! que poderiam ser gastos com balinhas 7 belo, daquelas de framboesa , bem docinhas e bem calóricas.
-Tudo bem !
E ela respira.
Ajeita o café da manhã, recebe msg do namorado, ela iria visita-lo no serviço ao final da tarde.
Toma café, acessa o e-mail, resposta nenhuma da ultima entrevista, nada, nem sim, nem não, nem talvez.
-MERDA! esse povo que selecciona currículos não tem coração mesmo!
Pensa.
Lê o Jornal , nada de editais novos de convocação, seus últimos concursos parados por 30 dias.
- 30 dias?! Votei na DILMA pra isso? 30 dias de espera pra ver meu nome naquela  lista de letras miúdas que chegam a  fazer doer  os olhos!!!! ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh .
Quase come o jornal, mas se entrega ao pão de forma.
Passa o maldito creme contra espinhas, ajeita o cabelo, começa a se vestir para consulta médica à ginecologista.
toca o celular , era da clínica médica, pela segunda vez a ginecologista desmarca a consulta.
- Como assim? agora eu vou esperar mais um mês pra fazer o exame de hormonio? e mais um mês pra regular tudinho aqui?! por que a porra da médica não vai me atender?! é isso mesmo?! é isso?
Nessa hora ela conecta-se ao msn, e lá vê seu namorado on line, conversam um pouco e ele diz que notou no ultimo encontro que sua testa estava ressecada e que poderia ser consequencia dos cremes.
- Mas naquele dia em que ele me viu eu não notei isso!
Boquiaberta.
- Perae, tava me achando a linda , a boa, á toa?!
Ele tentou anima-la, disse que estava linda, que estava isso e aquilo, mas não tinha mais jeito , ela já estava mal mesmo.
Correu até os armários, pegou cremes da sua mãe, passou de anti sinais á pós barba do avô nas malditas espinhas.
Lavou o rosto.
Um amigo no msn, passou uma dica de limpeza de pele infalível, ele estava sendo compreensível, uma outra amiga receitou um brigadeiro:
- amiga você está com TPM mesmo, por que você não é assim!
Liga pro namorado.
Ela chora, chora e decide tomar banho
Antes faz o brigadeiro, come o brigadeiro, toma banho.
Se veste.
Fala ao fone com sua mãe que ainda lhe dá uma chamada:
- você vai sair de casa com essa chuva? e com transito? já deveria ter saído daí, mas enfim a vida é sua.
Ela chora mais um pouco, diz ao namorado que não vai mais vê-lo no serviço,
ele demonstra ficar puto.
Ela desliga o fone :
- ele não me ama!
e chora.
Toca o fone , novamente sua mãe.
Só que pra dizer que um" parento "morreu...
Então o ápice do stress
- BOA , a gente passa a vida toda combatendo problemas, tratando espinhas pra morrer? MORRER!ah vá tomar no cú.
no meio do CÚ.
TÁ ESCUTANDO VIDA? NO CÚ!
 e então  ela tirou a roupa, botou um velho Jeans e caiu na cama.
Como não entender?!

quinta-feira, 24 de março de 2011

O abismo é você, ...

Eu te amo de uma maneira tão brutal

Que me revira o estômago, me dá falta de ar

Pensar nisso me causa tamanho desespero

Que mesmo apegada ao descaso

Sinto uma incontrolável vontade de chorar


Vendo e revendo suas fotos de família

Tão bem conquistadas, em minhas espionagens virtuais

Me envergonho de invadir a sua vida

De desbravar os seus rostos parentes sem permissão

Clicando com o mouse como quem acaricia a página de um álbum

Ampliando e reduzindo as imagens como se buscasse algo

Tentando não achá-las assim tão especiais


E quando vejo aqueles homens com aqueles mesmo rostos

Com jeitão de galã, a la Antônio Fagundes, não sei...

Vejo em cada um deles, quebra-cabeças genéticos, partes de um só você

Um jeito bem típico (...), mas que sorri como sua mãe

Sorri como ela quando está pensando em besteira, meio malicioso

E quando está brincalhão, menino vadio, sorri como eles

Acho isso lindo

Me faz até perder o mínimo de rima que consegui conquistar


Tudo isso porque eu amo

E não vou deixar de repetir isso baixinho enquanto não te disser gritando

Você sabe que já o amei, mas também sabe que quase o esqueci

Achei que seria fácil, provavelmente, ambos achamos

Mas, o que fazer quando a vontade do destino é justamente o nosso grande sonho?


Eu não sei mais se isso é uma carta, uma poesia, uma música ou uma história de amor

Só sei que antes que eu decida parar, provavelmente já estarei chorando

Porque é muita intensidade que parte de mim

E eu sei o quanto também existe em você

Então fervemos juntos, à distância

Somos o caos que atingiu a perfeição

A prova viva, falante e cantante de que a sintonia pode estar justamente na desordem

Não há razão de sermos, se pensarmos no que é racional para o resto do mundo

Mas temos toda a razão por sermos como somos

Gêmeos em nossas desavenças, descrenças, incompreensões e angustias

Aquário e Peixes em nossa completude astral


Você precisa me deixar te amar se você me ama

Eu tenho um abismo a me jogar e esse abismo se chama (...)

Então, permita-me a honra deste salto

Não tenha medo que eu me machuque ao pular de braços abertos em sua imensidão

Somos inconstantes, meu bem, o risco é igualmente distribuído

Dois infinitos que se unem para se livrarem pra sempre do breu

Os nossos universos tornaram-se mais que paralelos naquele mês de janeiro

Agora eles se completam, confundem-se

Tornam-se finalmente um só.


Chica Blanco.